quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

iPAD E OS JORNAIS

À cata de tábuas de salvação
Por Washington Araújo em 2/2/2010

Meses de rumores, boatos, informações e contrainformações desembocaram na quarta-feira (27/1) no Apple Event, em São Francisco, Califórnia (EUA), com o anúncio de Steve Jobs trazendo à existência uma nova criatura: o iPad. Dois adjetivos bastaram para incendiar a imaginação dos obcecados por novas tecnologias – e Jobs as pronunciou pausadamente: trata-se de um produto "mágico" e "revolucionário".

Qual Moisés descendo do monte com as tábuas da lei, Steve Jobs subiu ao palco com sua tábua (tablet) multifacetada, de onde se pode ler livros (e todas as resenhas sobre os mesmos disponíveis na web), escutar música (e saber mais sobre compositores e intérpretes), assistir a filmes (e saber sobre custos de produção, prêmios a que concorre, biografia do elenco), escrever mensagens (por exemplo, reclamando porque o iPad não tem porta para conectar webcam), rodar videogames, exibir e editar imagens... e tudo isso na ponta dos dedos sobre uma plataforma de 24,6 centímetros, com 1,3 cm de espessura e peso de 680 gramas.

Na apresentação de Jobs, uma cena particularmente interessante foi a tela do novo produto reproduzindo a capa do The New York Times. Não é segredo, ao contrário, é objeto de análise de 10 entre 10 profissionais que fazem a crítica da mídia, que donos de jornais e de editoras nutrem grandes esperanças de que o tão esperado computador-leitor da Apple atraia novos leitores e reforce sua receita, mas também parece ser verdade que poucas esperam que ele reverta por si só a queda de um setor em crise.

Grupos editoriais como Time Warner, Conde Nast, New York Times Co. e HarperCollins, parte da News Corp., devem aguardar um pouco para ver se o caçula da linha de montagem da Apple conseguirá salvar a mídia impressa. O analista Mike Vorhaus, presidente da Magid Advisors, estimou que o tablet poderia elevar em 10% a 20% receita digital dos grupos editoriais. Pouco. Mas em mar aberto onde ninguém consegue ver ainda terra firme já é algo para celebrar.

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